sábado, 28 de fevereiro de 2009

Manhattan segundo Allen


"Chapter one: He adored New York city. He idolised it all out of proportion (uuh, no make that: he romanticized it all out of proportion). To him, no matter what the season was, this was still a town that existed in black and white and pulsated to the great tunes of George Gershwin. (..) New York was his town and it always would be."
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Não sei porque razão quis partilhar este pequeno excerto da abertura do filme Manhattan de Woody Allen neste espaço (tenho a sensação que os meus últimos devaneios têm andado a ser - pomposamente talvez - mais pseudo.intelectuais que sentimentais) mas já que este é ultimamente o meu pequeno refúgio de coisas que me ocorrem e preenchem, então fiquem sabendo que este filme de me preencheu. E eu sinto.me nesse direito.

Provavelmente porque a visão que Allen traduz de Manhattan neste filme se assemelha tanto à do meu imaginário - precisamente ilustrada com a simplicidade magnifica da abertura inicial (rhapsody in blue por um lado e a elegância de uma fotografia a preto e branco da cidade por outro) - é que eu me sinto tão aproximada dela. Mas porquê Nova Iorque?

Calculo que o primeiro instinto de algumas pessoas ao fecharem os olhos é o de imediatamente se imaginarem numa praia paradisíaca perdida nos mares transparentes das Caraíbas, num infinito verde de montanhas e lagos até perder de vista, ou até num café em Paris com La Vie Em Rose como música de fundo.. e diga.se de passagem que eu ainda estou bastante longe de rejeitar qualquer um destes cenários da noção minha noção de idílico; mas, por alguma razão, quando fecho os olhos penso numa Manhattan a preto e branco.

É um mito, uma idealização do próprio espírito urbano.
Eu sei tudo isso, mas gosto desta imagem que tenho na mesma. Já tive o prazer de viajar até lá e acho que até as minhas memórias se alteram em função disso. Suponho portanto que o meu amor seja platónico: só vejo o que quero ver, desprezando os podres da realidade, e mantendo este como um destino não necessariamente inalcansável mas apenas.. não tão disponível como gostaria. Afinal he romanticized it all out of proportion.


Entretanto, aqui fica a referida passagem inicial do filme.

[Manhattan de 1979: Woody Allen e Diane Keaton sentados junto à ponte Brooklin, vendo o chegar da álvorada]

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