sexta-feira, 22 de maio de 2009

A arte de ser criticada e a arte de viver

Boa Noite, meus caros e inexistentes leitores!
Quer me parecer que vos espera aqui um ainda longozinho post de minha autoria.É verdade. Mas depois vocês pensam:-Se esta pobre rapariga se queixa tanto que não tem vida como é que ela vai arranjar coisas para conosco partilhar? Donde vem o assunto, afinal de contas?

Pois bem meus caros, o assunto vem de facto da minha vida! Surpresa das surpresas! Na verdade o assunto vem do quotidiano, vem da minha mente, vem da música que agora oiço, vem do tecido que sinto na pele quando me deito. O assunto vem de todos os lados sem autorização alguma.

[Ora demos então início à ópereta]

Nos últimos dias, senão mesmo semanas mas vá, mais dias, tenho sido testada. Um teste duro por sinal. Um teste às minhas convicções, certezas absolutas de pedra inquebrável, um teste também à minha capacidade de reacção.

Como da última vez que escrevi, fui chamada à atenção pelos meus pais. Fui editada, corrigida e formatada novamente. Mas numa dimensão menor. Há dias um rapaz disse-me que eu não era a pessoa mais fácil para fazer amigos. E um professor após a entrega de um trabalho que me levou a aterrar finalmente na cama às 4 da manhã atirou-me com um "pois fazem tudo em cima do joelho!" para cima.
Na quinta-feira seguinte depois de todos estes pequeninos, irritantemente pequeninos, incidentes sentia-me ressacada. Acordei a muito custo com vontade de me esconder na despensa junto das massas e latas de conserva. Grandes companheiras estas que ao menos não critícam.
O cenário era uma aula de português, a música era a história de Blimunda e o maneta Sete-Sóis, a vontade nenhuma e o sono mais que muito. Mas infelizmente o que prevalecia era de facto aquela pequenina afirmação: "Vamos ser sinceros, tu não és das melhores pessoas para fazer amigos". Esta maldita não parava de correr de um lado para o outro na minha cabeça. Parecia doida. E sempre que a tentava abafar com umas linhas d'"O Memorial", em vez de sossegar ou adormecer como metade da turma, gritava desalmadamente.
Agora vejamos, meus caros, eu não me importo que seja criticada. Aliás nem se trata de me importar ou não. O mundo lá fora é um selva, como dizem, e uma pessoazinha precose como eu tem de se habituar a isto mesmo. É esta a magia de se tentar crescer. E apesar de ser um enorme chavão, estas críticas só me vão fortalecer enquanto pessoa, a sério que vão. Mas bolas, tantas seguidas? Tão injustas e tão cretinas? Ditas por pessoas que deviam olhar primeiro para elas?
Isso, meus amigos, isso é o que me custa mais a engolir.

Uma coisa são os nossos pais que já lá estiveram, já passaram, sabem e querem-nos proteger. Dói como se farta, como uma queda de joelhos que me fartei de dar quando era mais miúda. Bem me lembro das dores, eram insuportáveis. Parecia que por breves segundos o mundo nos tinha caído, literalmente, nos joelhos. Mas agora ser criticada por uma criança da mesma idade que eu e de uma forma completamente exagerada e bruta? Sinceramente não.
Não chorei, não gritei, não bati em ninguém. Apenas olhei e engoli em seco. Nada mais há a fazer em situações como estas. É esta a arte de ser criticada.

Enfim mas o que lá vai, já lá vai e eu continuo aqui. Permaneco aqui como a árvore que cumprimento todos os dias de manhã ao sair de casa rumo à escola. Permaneco aqui, todavia as minhas convicções parecem mover-se um centímetro que seja cada dia que passa para que no final da semana, eu reparar que já não estão da mesma forma em que eu as deixei. Talvez isso seja bom porque significa que sou uma pessoa de espírito aberto, sem ideias muito traçadas que consegue viver a vida com calma e que consegue usar o seu trunfo mais precioso, a adaptabilidade.
Mas também é mau porque ao sentir que as minhas convicções estão a migrar para sul em pleno Inverno, sou logo invadida por uma sensação pior: a fragmentação. Sinto-me frustrada, cansada, triste e desiludida. Sem unidade, sem concenso. Digo que vou fazer uma coisa mas acabo por fazer outra. Ahhhhh!
Segundo o meu querido pai, eu não devia levar as coisas tão a sério e devia parvejar mais. Parvejar. Adorei a ideia mas a minha racionalidade não. Porque ao mínimo parvejamento, ela aponta-mo como desleixo.
Logo é uma espécie de pequena lutazita interior que vivo semanalmente, vá.
De uma coisa tenho plena consciência:
Não existem verdades absolutas e não posso, de facto, agarrar-me a ideias feitas só porque me dão mais segurança. Porque depois, no final de contas essa segurança dissipa-se como fumo esgranquiçado de cigarrilha. Nada bate certo, aliás nada corresponde àquela nossa ideiazinha brilhante colocada no pódio do nosso imaginário. E é esta a arte de viver.

[Tenho é de aproveitar a vida e ir com calma.]

Mas sabem o que é mais idiota disto tudo?
É que esse aproveitar a vida e ir com calma acabam por ser tratados por mim como trabalhos de casa ou tarefas para a semana. Não são o meu estilo de vida...e isso é o que me asssusta mais. Pena que eu ainda não tenha acertado o passo sobre esta complexa arte de viver.
*

Um bem haja

P.S.-Cheguei à conclusão que o nosso blog só irá ganhar visibilidade quando comecarmos a falar sobre sexo, roupa, homens, cremes anti-celulíticos (não q tenha nada contra estes!), saldos, nova york, blá blá blá.....porque a quantidade de blogs de mulheres a falarem sobre isso a terem níveis de popularidade impressionates são, literalemente, a dar com um pau!

[foto:a magestosa Audrey Hepburn, esta sim, esta mulher dominava a arte de viver]

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