terça-feira, 13 de outubro de 2009

18


De súbito (e nem sem bem como, que estas coisas acontecem sob aviso mas sem pretexto) dei por mim a alcançar esta infame maioridade oficial. E foi como se o mundo me apresentasse, mais que um rol de infinitas possibilidades, um rol de infinitas e tão pertinentes perguntas:

Estará a cilivilização moderna e ocidental, tal como a conhecemos, preparada para assumir em plena consciência que acabou de me legalizar como adulto integrado nesta sociedade? Poderão os nossos cidadãos responsabilizar-se por permitirem isto? Eu? Oficialmente adulta?
E contudo também já o fizeram e continua-lo-ão a fazer com uma série de outras criaturas que então nem se fala. Com bestas e animais. Com loucos e génios. Com idiotas e psicopatas. Com obsessivos-compulsivos e com sornas preguiçosos. Tudo isto foi feito automaticamente adulto e ainda assim passou com o mesmo certificado de validade.

(ou será possível chumbar a maioridade?)

Em última análise, obter o estatuto oficioso dos 18 anos é uma faca de dois gumes. É como se dissessem: tens todo o mundo ao teu dispor - agora carrega-o às costas. Além disso esta é apenas a versão teórica.

Na prática, é toda (ou quase toda) uma outra história. E agora digam a essas crianças que olham os 18 anos com reverência ou respeito que é tudo uma mentira - isso e que o Pai Natal não existe. Mas isso já são regalias que aprendemos com a maioridade.

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