quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Estranha Forma de Caos

Algo está mal no reino da Dinamarca. Ou talvez mal seja uma palavra simplesmente errada para empregar neste contexto, pelo carácter pesado e derrotista que vem a reboque. Com justeza, deveria dizer apenas que algo não está tão bem como parece - ou quanto deveria parecer - no reino da Dinamarca.

Vá lá. Não tomem isto como uma consideração aplicada a um panorama global do meu estado de espírito e muito menos sobre algo em particular - mas este é o mais perigoso tipo de considerações. É aquele tipo que se forma de uma massa indefinível de pequenos nadas (ideias dispersas, situações triviais, devaneios pela calada do pensamento) e aos quais pouco ligamos de início mas que se colam às roupas e à pele ao fim de um dia, de uma semana, de meses indeterminados... Aqueles que, quando damos por isso, tornam-se tão pesados (mesmo na sua imaterialidade) que apenas nos queremos libertar deles como num pequeno suspiro.

É uma estranha e ingrata sensação. Sinto-me no fundo... uneasy - e não há outra palavra que melhor o descreva.
Pelos breves períodos de caos mental, pelas fases de pura despreocupação e realização, ou pela sobriedade quase seca e racional de outros momentos; pelas questões sempre inacabadas, pela sensação de tentar agarrar-me a custo a pontos que julgava fixos mas também, por outro lado, pela procura frenética de mudança...

e este medo em surdina de que os mesmos erros se repitam sempre, sempre e sempre.

Vamos esclarecer isto: houve um definitivamente um passo dos ânimos em suspenso do ano passado para agora. Eu sinto e sei que houve. Mas então porque é que ainda não me sinto perfeitamente confortável na minha própria pele?

*
[A ouvir I Think I Love You do novo cd de Jamie Cullum, um dos docinhos tão esperados para estes dias frios e agridoces de Novembro. Eis uma música que não chama logo à atenção e que se enroscou e adaptou tão bem à escrita deste post, como tantas outras do rapaz - esta coisa que as músicas vêm até nós pela calada e escolhem o melhor momento para se acomodarem. Alan Rickman na imagem - porque às vezes parece que acordamos às três pancadas e o mundo é caos.]

1 comentário:

  1. Porque te falta aqui que também me falta e que por muito que tentemos calar, não pára de andar a gritar e correr como uma criançinha feliz na nossa cabecinha....

    C'est la vie, mon amie! *

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