Confesso que olho para o post de baixo e sinto uma certa cumplicidade culpada. A minha cara amiga cronista pegou no caos blasfemo da minha mala, despejou-o todo em cima da mesa do Ben&Jerry’s do Chiado, e fez daquilo uma fotografia artística que até me dá orgulho: três diários gráficos incompletos, senhor calvino para começar a ler, óculos baratos riscados, pacote de m&m’s e um carregador apple sem o respectivo mac. Ironicamente, este até é o retrato de um dia “bom”. A combinação das disciplinas de artes com a minha tendência para o desastre organizado tem levado ao longo da minha vida, invariavelmente, a que carregasse com uma quantidade de porcarias e peripécias que não lembram a ninguém, nem que tentassem.
No outro dia, com dois sacos carregados de merdas de todo o género para projecto (desde réguas, a rolos de fio, diluente, e até tampa de desodorizante), um deles rompe-se mesmo em plena saída de metro quando me preparava para ir embora. E minutos antes, uma velha francesa fica entalada nessa mesma porta. True story. Praticamente todos os acidentes que se podem relacionar com materiais deste género EU JÁ TIVE. Geralmente envolvem capas gigantes e a necessidade de apanhar transportes, a tentativa de conjugar várias cartolinas com um guarda-chuva e, mais recentemente, isto. É maravilhoso mas ao mesmo tempo há pequenas coisas que eu não consigo deixar de ter com um certo orgulho.
Faltava o quê? Faltava a minha canon sem dúvida, mas para isso estava lá a da menina Kitsch. O mac extraordinariamente também não estava e, provavelmente, faltava era espaço e mais uns trocos para pagar outro smothie. Saí dessa tarde com um painel de filmes a ver e uns esboços manhosos da gulbenkian à tarde, que não fazem justiça nenhuma ao ambiente daquele pequeno cantinho. E é Junho, quase Julho.
Preciso de sair, tirar a carta e voltar ao ginásio. Meter conversa com. Tudo isso: é este o meu paradigma de início de verão.
(shamelessly, não sei de onde é que é a imagem original, tirei-a do http://ffffound.com/ )
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